Mais um livro....Fernando Pessoa vai a New York

Imaginemos o poeta das identidades múltiplas a passear nas ruas movimentadas, a entrar num dos táxis amarelos para percorrer a cidade à noite, a assistir, discreto, a uma leitura numa livraria qualquer, ou a tomar um copo do outro lado do rio. O que faria Fernando Pessoa em Nova Iorque?

O público de Nova Iorque vai conhecer a obra de Fernando Pessoa, entre hoje e dia 17, num ciclo que prevê a exibição de “Filme de Desassossego“, de João Botelho, no Museu de Arte Moderna (MoMA).

Uma palestra do tradutor e académico Richard Zenith, distinguido com o Prémio Pessoa em 2012, na Poets House, consta também do programa, organizado pelo Arte Institute, de Nova Iorque, em colaboração com o Teatro do Bairro, de Lisboa, e o Instituto Camões.

“No ano passado, realizámos a semana de [José] Saramago, que é um autor mais conhecido nos Estados Unidos. Fernando Pessoa é mais conhecido na Europa”, explicou Ana Ventura Miranda, diretora do Arte Institute.

“Várias pessoas ligadas ao meio literário começaram a falar-nos em Fernando Pessoa e no interesse que tinha fazer algo com a sua obra. Pareceu-nos a continuação mais natural”, prosseguiu Ana Miranda.

O lançamento do programa “Pessoa in New York” realiza-se hoje, com uma sessão de leitura da poesia do autor de “Mensagem“, na Galeria Sonnabend, numa sessão já esgotada, que também assinala o aniversário do Arte Institute.

No domingo, é exibido o “Filme do Desassossego”, no MoMA, com a presença do realizador, João Botelho, e de Richard Zenith. A obra, inspirada em “O Livro do Desassossego”, do seu heterónimo, Bernardo Soares, tem novas exibições, na segunda-feira, no centro de preservação do cinema Anthology Film Archives, em Nova Iorque, e em Nova Jérsia, na Rutgers University, na terça-feira, sempre com a participação de João Botelho (em ambas) e de Richard Zenith (na segunda-feira).

Na terça-feira, Richard Zenith coordena uma leitura de Pessoa na Poets House (Casa dos Poetas), com a colaboração de atores norte-americanos.

A iniciativa tem igualmente o apoio do consulado de Portugal e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

“Há muita abertura do público americano para o Portugal contemporâneo, apesar de haver pouco conhecimento”, disse Ana Miranda.

De acordo com esta responsável, “o que é preciso é um trabalho continuado de promoção [da cultura portuguesa], de forma sustentada, que desperte e alimente o interesse do público”.

O Arte Institute é uma organização sem fins lucrativos, que dinamiza a produção e difusão de artistas e projetos de arte contemporânea portuguesa.